por Evandro Veiga Negrão de Lima Junior *
Muito me preocupa quando políticos, eleitos por cidadãos com a tarefa de representar os eleitores, se desvirtuam de suas funções. A economia brasileira vem enfrentando uma forte crise que foi se aprofundando nos últimos quatro anos, e com isso, a população sofre consideravelmente. Esse período de instabilidade e desconfiança impactou negativamente a geração de empregos, e por consequência, a circulação de moeda e o poder de compra do consumidor.
No segmento da construção civil, sinônimo também de mercado imobiliário, o número de trabalhadores com carteira assinada em Minas Gerais em abril de 2017 foi de 269.840. Em comparação, um ano antes, esse número era de 298.055 pessoas. Isso significa que nos últimos 12 meses o setor perdeu, somente em Minas, 28.215 vagas com carteira assinada formal, sem contar os informais, que representam 10% de queda em números redondos, e ainda excluindo inflação do cálculo.
Felizmente, tivemos uma troca do representante máximo do país que, em minha opinião, foi bem sucedida. O país melhorou. O Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil cresceu 0,5% no 1º trimestre de 2017 em relação aos últimos três meses anteriores de acordo com o IBGE, o que não acontecia há um bom tempo. A equipe econômica foi modificada, também para melhor, e medidas certas, inclusive algumas impopulares, foram tomadas. Ação que começou a gerar na maior parte do setor produtivo uma retomada da confiança, que resulta em aumento, ou início, de investimentos e geração de empregos.
Justamente quando estávamos nesse momento de boas expectativas, depois de um longo período de notícias ruins, o cenário político novamente entra em cena e paralisa a economia com a delação do “empresário” Joesley Batista da “empresa” JBS. Sou totalmente a favor de punir e apurar com o máximo rigor, mas totalmente contra misturar agendas econômicas e políticas, apesar de saber que, infelizmente, estão interligadas.
A razão desse texto é apelar para que os leitores cobrem dos deputados e senadores que saibam separar os problemas políticos das medidas econômicas que o Brasil precisa, seguindo com a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, além de outras ações importantes. Devemos lembrá-los que foram eleitos com a missão de defender os interesses do país e não de seus partidos políticos.
Seria um sonho? Caso seja, é um sonho possível se todos os cidadãos, gostando ou não de política, participassem de alguma maneira da vida pública do país: cobrando, apoiando ou mesmo se candidatando.
* Evandro Negrão de Lima é vice-presidente de Comunicação Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG)
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